quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Da arte de saber jogar

Tem momentos em que fico me perguntando se vale a pena todo o esforço dispendido em situações em que o melhor mesmo é parar e deixar de lado...
E encontrei, no blog de uma amiga, o poema (lindo!) a seguir:

"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar
— esta é muitas vezes a questão para um jogador.
A arte de abandonar não é ensinada a ninguém.
E está lon­ge de ser rara a situação angustiosa em que devo de­cidir se há algum sentido em prosseguir jogando.
Serei capaz de abandonar nobremente?
ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça al­guma coisa?"


A tpm me deixa assim... tão reflexiva..! E enquanto me falta criatividade pra postar algo de minha autoria, fico pescando dos blogs alheios :)
Beijos a todos

terça-feira, 19 de maio de 2009

Drummond

Para abrilhantar um pouquinho o blog, vai aqui essa poesia linda do Drummond:

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 31 de janeiro de 2009

Redinhas de Jaguaruana

E por volta das 13:30h, voltando do trabalho, calor desgraçado, cansada e o pior, dormindo dentro da topic 03! (fim de carreira triste!)...
Um anjo sopra no meu ouvido , acordo! Olho em volta... Quaaaase passo da parada. Grito desesperada: "na curva desceee!!" O motorista faz a curva, eu tonta, atordoada vou lá pra frente movida pela lei da inércia, passo a catraca. Pronto. Desci.
Sol escaldante. Sem óculos escuros avisto, do outro lado da pista, um rapaz. Bonito, alto, branco (sem preconceito de cor, claro).
Contrastando com a sua beleza, o rapaz pedalava uma bicicleta monarke barra circular, e levava na parte de trás, um caixote.
Até aí tudo bem, normal. Quando escuto ele dirigir algumas palavras a minha pessoa, que ainda estava atordoada pela viagem, no sol quente, com o agravante de estar do outro lado da pista e ser um pouco surda de um dos ouvidos (apesar do otorrinolaringologista insistir em dizer o contrário).
O rapaz diz: "num sei o q , num sei o q mais lá"
Eu: Oi? Não entendi..? ( atravessando a pista e estupefacta com a beleza do moço)
Ele: "num sei q , nun sei q lá, num sei q lá"
Eu: Como? Desculpa, não estou entendo.. ( já quase chegando perto, esperando que fosse um pedido de informação, no qual eu responderia com o maior prazer, por mais que o rapaz pedalasse uma monarke barra circular e carregasse um caixote :)
Enfim, cheguei do outro lado. Não. Não era um assalto. (Todas as pessoas que escutam essa história, nessa hora, dizem: "foi assaltada!") rs..!
Ele só estava me perguntando, delicadamente, o seguinte: " A senhora não quer comprar uma redinha de Jaguaruana?"
¬¬
...
Momentos de atordoamento geral... Pensamentos, devaneios, até que olho o caixote e entendo. O rapaz era vendedor de rede. Isso, rede. Mais especificamente redinhas de Jaguaruana!
Irada, penso em pedir que ele OLHASSE PRA MINHA CARA E VISSE SE EU ESTAVA A FIM DE COMPRAR ALGUMA REDE, MUITO MENOS DE JAGUARUANA, QUE TINHA ACABADO DE ACORDAR DENTRO DE UMA TOPIC, QUE TINHA TIDO UMA MANHÃ ESTRESSANTE, QUE O CALOR ESTAVA DESGRAÇADO E QUE NÃO QUERIA COMPRAR PORCARIA DE REDE NENHUUMAAAA!!!!!!
...
Respirei... não disse nada daquilo que havia pensado. Simplesmente sorri e respondi também delicadamente: "Não , obrigada"
Segui no sol quente, resmungando pra mim mesma que atrás de pobre corre um bicho, fazendo careta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ai, ai, Verríssimo!

E por email recebi esse texto do Verríssimo... dá a impressão que já li mas.. não resisti e tive que postar...!



Diga não às drogas!

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de " experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na dele.

Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira; Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais frequente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo!
Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc.
Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: o Tchan, Companhia do Pagode e muito mais. Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais...
Comecei a frequentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a Coletânea As melhores do Molejo". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!!!
Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido.
Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras...
Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo. Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim.
Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozarth e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante. Vai perder as referências e definhar mentalmente.
Em vez de encher cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
* Não ligue a TV no domingo à tarde;
* Não escute nada que venha de Goiânia ou do interior de São Paulo;
* Não entre em carros com adesivos "Fui.....";
* Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Sábado do Gugu;
* Mulheres gritando histericamente são outro indício;
* Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
* Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;
* Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo;
* Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil, e
* Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.
Mas principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!

Luis Fernando Verissimo

E eu a me acabar de rir.... :)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mudamos!

Mudei o blog. Fazia um tempo que queria fazê-lo mas esperei o antigo (e querido) InTimiDaDe completar 1 ano.
E aqui está. Um novo título, inspirado na música do Rappa ( que eu adoro!), com uma roupagem totalmente urbana pra que eu consiga me inspirar um pouco mais e escrever causos do dia-a-dia com mais intensidade e criatividade.
Tenho muita vontade de registrar fatos cotidianos, coisas simples e que por vezes passam despercebidas. E parece que, quando estou na rua, seja a pé, de carro ou de ônibus é que meus pensamentos se soltam e eu viajo observando alguns detalhes que quase ninguém vê.
Espero que gostem e tenham aprovado a mudança.
Beijos com sinceras saudades de postar aqui.
;)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Coroas

Pois bem, nós mulheres podemos sim nos interessar por homens mais velhos. Foi-se o tempo em que preconceitos tolos impediam os relacionamentos entre pessoas com grande diferença de idade.
Acontece que, em alguns casos (aqui só vou citar exemplos masculinos), que os coroões extrapolam nas suas falas saudosistas e as mulheres são obrigadas a ouvir algumas pérolas que brotam dos lábios desses coroas.
A seguir, trechos de dois diálogos que ouvi. Desabafos de duas jovens mulheres enamoradas:

1º Caso: (O papo era surf, o coroa era descolado)

ELA : "Sabe, uma vez tentei aprender a surfar mas não deu certo..."
ELE : "Áh o surf...! Minha querida, surfei muito no começo dos anos 80..!"
¬¬

2º Caso: Esse aqui eu não poderia dizer que é um coroa... O cara é quase um ancião meeesmo!! Foi apelidado de Papai-Noel. Segundo as boas línguas, ele tem os cabelos e a barba grande e branca. Só falta mesmo o saco vermelho.
(O diálogo foi na hora do almoço):

PAPAI-NOEL: "Vamos almoçar juntos meu bem?"
ELA: É... Pode ser... Onde seria?
PAPAI-NOEL: “Que tal irmos ao mercado da Messejana???"
(Com essa, se fosse eu, teria ido embora! Mas a broto permaneceu, declinou do convite e ainda teve que ouvir mais essa):
PAPAI-NOEL: “E se, na boquinha da noite, formos tomar uma fresca lá na Praça do Ferreira?!?"

segunda-feira, 23 de junho de 2008

De volta


Acredito que a existência de cada ser humano evolui em ciclos. Acredito também que ontem encerrei mais um ciclo na minha vida. Esse ciclo começou em junho do ano passado... De lá pra cá aprendi muito coisa.. Não que não tenha doído. Dói.. Mas passa.
Lembrei algo que li no blog de um amigo, certa vez. Ele escreveu que acordou pela manhã, se olhou no espelho e não se reconheceu... Algo havia se perdido. Senti a mesma coisa hoje de manhã. Deu medo. Porque você fica olhando no seu olho e percebe que está diferente. Tirando as olheras e o rímel que sempre borra depois de uma noite de festa. Mas acabou. Evitei ficar olhando pra mim.
À tarde, encarei o espelho mais uma vez e mesmo me achando magra e feia, por uns instantes fiquei olhando, tentando me aceitar. Afinal não me arrependo de nada do que fiz. E nem sinto vergonha. Nesse momento me reencontrei. Arrumei a franja do cabelo. E pensei “ o meu cabelo também mudou, nunca esteve tão bonito..!” Então senti vontade de engordar mais um pouquinho. Comer, mesmo que não sinta apetite. E a velha/nova Lorena já está aqui.
...Ainda um tantinho despedaçada.